sábado, 30 de maio de 2009

TAMBÉM ESTOU CANSADO!



"Mas os que esperam no SENHOR renovarão as suas forças e subirão com asas como águias; correrão e não se cansarão; caminharão e não se fatigarão" - Isaías 40.31 (ARC).



Li o texto que segue abaixo há alguns anos atrás, na Revista Ultimato, porém ele nunca me foi tão próximo como ultimamente. Ele fala do cansaço de uma mulher - pastora Esmeralda Campelo Vilela. Seu cansaço é decorrente da observação e constatação da religiosidade fria e engessada em nosso meio. Cristianismo sem vida, sem amor, e mesmo que contrassensual, sem Cristo.

Talvez você não esteja cansado. Quem sabe você até seja um místico, um poderoso, um "pentecostal sem defeito de fabricação" que "faz barulho". Se você for um desses, ou não, não custa ler o texto e refletir que não basta ser "como o sino que tine e como o metal que soa" (1 Co 13.1). Não é repetitivo lembrar que não basta ter uma "fé tamanha que remove montanhas". Não seria indelicado trazer à memória que o Deus que é Santo não se impressiona com a "língua dos anjos" que falamos, com os "demônios que expelimos" ou mesmo com os "milagres que realizamos em nome de Cristo" (Mt 7.21-23). Podemos falar de Cristo, já dizia o velho Paulo, por inveja, por porfia, por vanglória (Fl 1.15,16). Podemos ter muitas coisas que impressionam aos homens, mas que no teste de Deus não passam de palha, de feno, coisa sem valor algum, útil apenas para perecer pelo fogo (1 Co 3.10-15).

Repito: Eu também estou cansado. Mas um salvo se cansa? Cansa sim! A diferença entre os que esperam nEle é que têm suas forças renovadas. E quem precisa de renovação de forças senão quem as exauriu? Quero um Cristianismo mais cristão. Quero Cristãos mais parecidos com Cristo. Quero que em nossas planilhas o sucesso seja medido pelo número de almas, não pelo de reais - não apenas de almas, friso; mas de almas curadas, tratadas, não por imersão religiosa; mas pelo poderoso sangue e pela poderosa graça de Cristo. Quero pastores que amem mais do que sabem, ou que saibam amar, mesmo que não saibam muitas coisas. Quero ver a unidade da igreja, mesmo que, como disse Baxter, na diversidade. Quero ver seiva nos ramos da videira, não apenas folhagem inútil sem fruto. Quero, acima de tudo, ser eu mesmo o primeiro a ser alcançado pela renovação de Deus, pois reconheço que sou, de todos, o mais necessitado... mas vou continuar! Chega de falar: segue o texto...



Estou cansada, mas vou continuar!


Hoje, apesar do sol claro e lindo,
Da brisa suave entre as folhas,
Do sorriso maroto dos meninos na calçada,
Eu me senti cansada.
E até pensei, de forma equivocada,
Em parar, sumir, correr e desistir.
Cansada de ouvir lamentações,
Pedidos repetidos de orações.
Cansada de cobranças e desconfianças.
Cansada de ser pobre,
Abraçar pobre, cuidar de pobre,
Acreditar que pobre tem alma,
Enquanto há tantos ricos, fervorosos,
Abençoados, poderosos.
Para quem, ser pobre, estar apertado,
É coisa do inferno, é pecado.
Estou cansada do sincretismo,
Da Bíblia marcada com folhas de arruda.
Da troca do anjo que falhou na ajuda.
Estou cansada de ver gente rolando,
Pulando, gritando, sapateando
Com sapatinhos de fogo.
E, cansada deste jogo,
Senti vontade de parar.
E então, quando me pus a pensar,
Lembrei que o diabo não pára
E, sempre se prepara
Para roubar, matar e destruir.
E eu resolvi seguir.
Sabendo que há pranto em cada canto.
Na cidade bela,
No palácio, na favela.
Não posso desistir
Se há tantos que não podem sorrir
E tantos que só sabem chorar...
Estou cansada de ver poderosos na tela,
Bailarinos no altar,
"Inebriados", "embriagados", no templo.
E, em nenhum momento,
Souberam o que é o lamento
De quem vive na rua
Sob o sol, sob a lua.
No frio e no calor,
Convivendo com o ódio,
Sem conhecer o amor,
Sem nunca ouvir dizer:
Que o amor tudo crê
Tudo sofre, e espera.
Que o amor não se ufana
Não destrói, não engana.
Estou cansada de ver
Templos cheios de santos
Que têm mãos, mas não servem.
Têm pés, mas não andam,
Têm olhos, mas não vêem.
Têm ouvido, mas não ouvem.
Têm coração, mas não amam.
Têm bens, mas não repartem.
Estou cansada, mas vou continuar.
Porque a minha caminhada está perto de acabar...
E o dono da lavoura vai voltar.